quarta-feira, 26 de setembro de 2012




Análise da Proposição de Os Lusíadas


As armas e os barões assinalados

Que, da ocidental praia Lusitana,

Por mares nunca dantes navegados

Passaram ainda além da Taprobana

Em perigos e guerras esforçados

Mais do que prometia a força humana,

E entre gente remota edificaram,

Novo Reino que tanto sublimaram;


E também as memórias gloriosas,

Daqueles Reis que foram dilatando.

A Fé, o Império, e as terras viciosas

De África e de Ásia andaram devastando,

E aqueles que por obras valerosas,

Se vão da lei da Mortelibertando;

Cantando espalharei por toda a parte,

Se a tanto me ajudar o engenho e arte.


Cessem do sábio Gregoe do Troiano

As navegações grandes que fizeram;

Cale-se de Alexandroe de Trajano

A fama das vitórias que tiveram;

Que eu canto o peito ilustre lusitano

A quem Neptuno e Marteobedeceram.

Cesse tudo o que a Musa antigacanta,

Que outro valor mais alto se alevanta.


(est. 1-3, Canto I)
Camões está decidido a tomar conhecimento em todo o mundo o valor do povo português(“O peito ilustre Lusitano”) e, por isso, estrutura a sua proposição em duas partes:
·   Nas duas estâncias iniciais, enuncia os heróis que vai cantar (os que se notabilizaram pelas armas, os navegadores que atravessaram mares desconhecidos, os reis que dilatara a fé e o império e todos os que se imortalizaram pelos seus feitos);
·        Na segunda parte, constituída pela terceira estrofe, estabelece um confronto entre os portugueses e os grandes heróis da Antiguidade, afirmando a superioridade dos primeiros sobre os segundos.


Análise da Invocação dos Lusíadas

E vós Tágides minhas, pois criado 

Tendes em mim um novo engenho ardente,
Se sempre em verso humilde celebrado
Foi de mi vosso rio alegremente,
 Dai-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloco e corrente,
Porque de vossas águas Febo ordene
Que não tenham enveja às hipocrente.
Dai-me uma fúria grande e sonorosa,
E não de agreste avena ou frauta rude,
Mas de tuba canorosa e belicosa,  
Que o peito acende de cor ao gesto muda,
Dai-me igual canto ao aos feitos da famosa
Gente vossa, que a Marte tanto ajuda; 
Que se espalhe e se cante no universo.
Se tão sublime preço cabe em verso.

Análise: 
Invocação significa: 
Invocar;
Apelar;
Pedir;
Suplicar.
Nestas duas estrofes, o poeta evidencia a importância a importãncia do assunto a tratar e assim pede auxilio às ninfas do Tejo para o ajudarem nesta tarefa tão grandiosa ("Dai-me agora um som alto e sublimado, / Um estilo grandíoloco e corrente") (Canto I est. 4, Versos 4 e 5).

Análise da Dedicatória de “Os Lusíadas”     
A Dedicatória é uma partefacultativa da estrutura da epopeia. Camões inclui-a na sua obra “Os Lusíadas”, ao dedicá-la ao rei D. Sebastião. Nessa altura, D. Sebastião era ainda muito jovem e por isso era visto como a Esperança da pátria portuguesa, na continuação da difusão da fé e do império.

Narração
Constitui o núcleo fundamental da epopeia. Aqui, o poeta procura concretizar aquilo que se propôs fazer na "proposição". A narração inicia-se no Canto I, estrofe 19, “in media res”, ou seja, “a meio dos acontecimentos” e, só mais tarde, por um processo de analepse ou retrospetiva, sabemos o início da viagem. Deste modo, o Poeta cumpre mais uma das regras da epopeia clássica. 


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