Visão Crítica
Tendo como pretexto a
construção do convento de Mafra, Saramago, adoptou a prespectiva de um narrador
distanciado do tempo da história, apresentando uma visão crítica da sociedade
portuguesa da primeira metade do século XVIII. É neste sentido que Memorial do
Convento excede a classificação de romance histórico, uma vez que não se trata
de uma mera constituição de um povo sujeito à tirania de uma sociedade do
século XXII.
Logo desde o início do
romance é visivél o tom irónico e, até mesmo, sarcástico do narrador
relativamente à hipotética esterilidade da rainha e às inidelidades do rei.
Esta atitude irónica do narrador mantém-se ao longo da obra, denunciando o
comportamento desadequado do rei, a sua vaidade desmendida e as promeças megalómanas.
O Clero, que exerce o seu
poder sobre o povo ignorante através da instauração de um regime repressivo
entre os seus seguidores e que constantemente quebra o voto da castidade,
também não escapa ao olhar crítico e sarcástico do narrador. A actuação da
Inquisição que, à luz da fé cristã, manipula os mais fracos é de igual modo
criticada ao longo do romance, nomeadamente, através da apresentação de
diversos autos-de-fé e uma crítica às pesoas que dançam em volta das fogueiras
onde se queimaram os condenados.
Assim, são sobertudo as
personagens de estatuto social privilegiado o alvo da crítica do narrador que
denuncia as injustiças sociais, a omnipotência dos poderosos e a exloração do
povo, evidenciada nas miseráveis condições de trabalho dos operários do
convento de Mafra.
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