Análise de Poemas em “Os Lusíadas”
Primeira
Parte: “O Brasão”
Ulisses
O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mito
brilhante e mudo
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnundo.
Este, que aqui aportou,
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos criou.
Assim a lenda se escorre
A entrar na realidade,
E a fecundá-la decorre.
Em baixo, a vida, metade
De nada, morre.
Análise
O poema inicia-se com um
oxímoro que nos remete para o facto de o mito ser o nada, não existir, mas ter uma enorme força, ser tudo, porque é fecundante, é a base
lendária de explicações que entram na realidade.
Com este poema Fernando
Pessoa diz como é que apenas um mito se
torna realidade, porque assim que as pessoas começam a acreditar nele ele já
real. Assim o que é lendário acaba por viver através das nossas crenças.
Ulisses é o primeiro homem a
aparecer na “Mensagem”.
A primeira estofe apresenta
uma definição, dai as formas verbais estarem no presente do indicativo.
Na segunda estrofe, iniciada
pelo deíctico este referente ao lendário Ulisses, que terá aportado na cidade
de Lisboa.
Na última estrofe, está
presente uma espécie de conclusão que revela a importância do mito.
O poema é constituido por
três quintilhas, com rima a b a b a, de ste e quatro sílabas métricas.
D.
Fernando, Infante de Portugal
Deu-me Deus o seu gládio,
por que eu faça
A sua santa guerra.
Sagrou-me seu em honra e em
desgraça,
Às horas em que um frio
vento passa
Por sobre a fria terra.
Pôs-me as mãos sobre os
ombros e doirou-me
A fronte com o olhar;
E esta febre de Além, que me
consome,
E este querer grandeza são
seu nome
Dentro em mim a vibrar.
E eu vou, e a luz do gládio
erguido dá
Em minha face calma.
Cheio de Deus, não temo o
que virá,
Pois, venha o que vier, nuca
será
Maior do que a minha alma.
Análise
Era
Infante Santo, que combateu em Tânger e ficou adorado pelos Mouros.
O
Infante vai combater em nome de Deus.
Desgraça
porque ficou cativo aos Mouros e honra por ser um herói de Deus para combater a
fé cristã.
O
discurso está na primeira pessoa.
A
consagração de D. Fernando através de da entrega do gládio (espada), símbolo do
poder.
O
herói age por vontade divina.
Missão
em nome da Guerra Santa.
A
confiança, a coragem, a ousadia, o espírito temerário e a fé do Infante.
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