terça-feira, 6 de novembro de 2012



Análise de Poemas em “Os Lusíadas”
Primeira Parte: “O Brasão”
Ulisses
O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É  um mito brilhante e mudo
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnundo.

Este, que aqui aportou,
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos criou.

Assim a lenda se escorre
A entrar na realidade,
E a fecundá-la decorre.
Em baixo, a vida, metade
De nada, morre.
Análise
O poema inicia-se com um oxímoro que nos remete para o facto de o mito ser o nada, não existir, mas ter uma enorme força, ser tudo, porque é fecundante, é a base lendária de explicações que entram na realidade.
Com este poema Fernando Pessoa diz como  é que apenas um mito se torna realidade, porque assim que as pessoas começam a acreditar nele ele já real. Assim o que é lendário acaba por viver através das nossas crenças.
Ulisses é o primeiro homem a aparecer na  “Mensagem”.
A primeira estofe apresenta uma definição, dai as formas verbais estarem no presente do indicativo.
Na segunda estrofe, iniciada pelo deíctico este referente ao lendário Ulisses, que terá aportado na cidade de Lisboa.
Na última estrofe, está presente uma espécie de conclusão que revela a importância do mito.
O poema é constituido por três quintilhas, com rima a b a b a, de ste e quatro sílabas métricas. 



D. Fernando, Infante de Portugal
Deu-me Deus o seu gládio, por que eu faça
A sua santa guerra.
Sagrou-me seu em honra e em desgraça,
Às horas em que um frio vento passa
Por sobre a fria terra.

Pôs-me as mãos sobre os ombros e doirou-me
A fronte com o olhar;
E esta febre de Além, que me consome,
E este querer grandeza são seu nome
Dentro em mim a vibrar.

E eu vou, e a luz do gládio erguido dá
Em minha face calma.
Cheio de Deus, não temo o que virá,
Pois, venha o que vier, nuca será
Maior do que a minha alma.

Análise 
Era Infante Santo, que combateu em Tânger e ficou adorado pelos Mouros.
  O Infante vai combater em nome de Deus. 
Desgraça porque ficou cativo aos Mouros e honra por ser um herói de Deus para combater a fé cristã.
 O discurso está na primeira pessoa.
A consagração de D. Fernando através de da entrega do gládio (espada), símbolo do poder.
O herói age por vontade divina.
  Missão em nome da Guerra Santa. 
 A confiança, a coragem, a ousadia, o espírito temerário e a fé do Infante. 

  

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